quinta-feira, fevereiro 23

Amanhã

Para Angel e Carlos

Fiquei pensando sobre o que poderia escrever para vocês hoje. Eu mesma, com meu coração inundado de amor e de expectativa, posso só de longe imaginar o que será pra vocês essa noite, e o dia para sempre inesquecível que será amanhã. Fico pensando em toda a trajetória, nas lágrimas diferentes em ocasiões diferentes que derramamos juntos. E aí fico aqui, olhando para a página, transbordando felicidade, e paralizo: não acho que vou conseguir.

Pego emprestadas palavras, minhas de outra ocasião: as de que quando nasce um filho, nascem também uma mãe, um pai, tios que nào eram, tias que não eram. Um bebê, tão pequenino, traz consigo laços poderosos e fortes de amor que vão unir de forma definitiva muitos corações nesse mundo. Imaginem que as suas mães agora de verdade farão parte da mesma família, e irão compartilhar entre si o maior amor que há no mundo: só ELAS serão as avós desses netos. E dividirão o bem mais precioso da Terra: os mesmos netinhos!

Empresto também as palavras de uma amiga muito querida, que disse que Neto é a sobremesa da vida. Suas mães, queridos, terão um buffet inteirinho!

Acho provável que vocês não durmam essa noite. Acho provável que eu também não. Nào faz mal. Amanhã, quando eu abraçar vocês dois bem apertado, estaremos cheios de olheiras, com os olhos cheios de lagrimas, e o coração, ah, o coração, transbordando de felicidade!


Amanhã
Será um lindo dia
Da mais louca alegria
Que se possa imaginar
Amanhã Redobrada a força
Pra cima que não cessa
Há de vingar
Amanhã Mais nenhum mistério
Acima do ilusório
O astro-rei vai brilhar
Amanhã
A luminosidade
Alheia a qualquer vontade
Há de imperar
Amanhã
Está toda a esperança
Por menor que pareça
Que existe é pra vicejar
Amanhã
Apesar de hoje
Ser a estrada que surge
Pra se trilhar
Amanhã
Mesmo que uns não queiram
Será de outros que esperam
Ver o dia raiar
Amanhã
Ódios aplacados
Temores abrandados
Será pleno, será pleno

quinta-feira, julho 28

Para não fazer diferença




Da outra vez, a mensagem foi "Bom final de semana". E eu mandava um Bom Final de semana pra Mari e pro Marcelo, já que aquele seria o último final de semana em que a familia dele seria uma família só de dois. A partir daquele dia, eu achava, a casa deles se encheria de uma alegria contagiosa, de cheirinhos e sons que nunca tinham estado ali.

Foi assim mesmo, imagino eu, e ainda mais. Além dos cheirinhos e dos sons, teve a alegria contagiosa e a luminosidade do lindo par de zóio azur do João. o João, aquele príncipe mais lindo, a quem eu carinhosamente apelidei de "Carolino" num ultrassom láaaa longe.

E hoje recebo da Mari um convite para um evento no Facebook: nascimento da Carolina. Ela está chegando! Mais pra frente um pouquinho, nos posts, ela diz que só mandou o convite pra "umas poucas pessoas especiais". Eu, obviamente, fiquei me achando. E achei esse um carinho que me fez tão bem, aqui tão longe...

Eu não poderei estar presente ao doce evento que será a chegada da Carolina amanhã, justamente porque estou tão longe. Mas continuo desejando uma BOA NOITE à Mari, ao Marcelo, e ao João, que a partir de amanhã passará a ser um irmão, coisa muito importante!

Amanhã, quando ela chegar, trará outros cheirinhos, outras cores e outros sons. Uma menininha traz muito glitter para a vida das pessoas que a amam.

Assim como trouxe pra esse blog, que viu na chegada tão esperada da Carolina o motivo mais que perfeito pra se perfumar e se arrumar novamente.

Um beijo pra Mari, pro Marcelo, pro João. E pra Carolina - torcendo de longe pra que você seja sempre muito, muito feliz!

terça-feira, abril 12

Uma Grande Irmã




Lembro bem de uma vez, no consultório do terapeuta, ter falado sobre como era minha relação com minhas irmãs. Lembro de ter dito a ele que "minhas irmãs são as minhas amigas que conhecem o cheiro do meu cocô". Explico: somos amigas. De verdade. De vez em quando saio pra bater papo e comer um brigadeiro (com uma) e pra comer uma pizza e tomar um choppinho (com outra). Mas isso faço também com outras amigas. O que difere uma relação da outra é o grau de intimidade e de conhecimento que temos umas das outras.

Com uma irmã, você já nasce compartilhando o mais íntimo de todos os núcleos: sua família. Vocês passam boa parte da vida usando o mesmo banheiro, a mesma geladeira, o mesmo xampu (até que comecem as batalhas "Quem usou meu xampu?"). Vocês têm a mesma mãe, o mesmo pai (muitas vezes ambos, outras não). Vocês tiravam sarro da mesma tia, na infância. Dividem a mesma avó, e sempre fizeram piadinha sobre o fato dela, a avó, empurrar comiga goela abaixo, só faltando um funil.

Você chorou quando ela terminou um namoro longo, num fim doloroso. Você teve ódio mortal de um fulano sem escrúpulos nem noção de perigo que resolveu terminar um namoro com ela no meio da noite. Até hoje você detesta com todas as forças o menino que a largou sozinha na pista de dança, quando ela tinha, sei lá, nove anos.

Mas você também lembra que ela era fudida na Ginástica Olímpica, e que só não fazia giro de oitava por pura teimosia. Você lembra que ela tinha uma agenda impossível, com aulas de balé clássico, jazz, natação. E que ainda ia bem pacas na escola. Você lembra do amor incondicional que, aos 3 anos, ela tinha pelo Cacá, um amiguinho da escola com muitas dificuldades, e que contava com a ajuda dela até para pendurar a lancheira.

Você lembra que ela teve catapora e piolho, como todo mundo em casa, e teve escarlatina - só ela em casa teve isso.

E aí é aniversário dela. E você nem comprou um presente! Então, escreve um post do fundo do seu coração, e espere que ela perdoe, e que possa ganhar o presente no final de semana que vem. Afinal, ela sabe, com tudo o que você se lembra, que você esqueceu do presente, mas dela não.

Feliz Aniversário, Queridona!!!!!

sábado, março 12

Nervos de Aço




Tem gente que tem. Eu não tenho.
E pra ser sincera, os meus ultimamente estão em frangalhos. Porque são muitas coisas pra fazer, pra decidir, um milhão de providências pra tomar.
Estou animada com a mudança? Claro.

Mas também estou com medo. Também estou triste porque vou embora e vou perder as festinhas de família, as pizzadas com os amigos e o tempo com o Zé, na maior parte do tempo. Estou triste porque minha sobrinha vai vestida de fadinha na escola e eu não vou ver, porque minhas irmãs vão almoçar domingo na minha mãe e eu não vou poder.

E aí tudo dói e tudo me irrita. Fico irritada com tantos conselhos. Tô quase acreditando que mudar de país é como ficar grávida, todo mundo tem algum conselho sábio pra te dar. Alguns são super bem vindos e muito úteis, como minha amiga que me mandou um link com produtos que fazem a limpeza da casa por você e só faltam massagear seus pés depois, ou a outra amiga que me recomendou que eu JAMAIS, NO MATTER WHAT plastifique meu papelzinho com o número do Social Security (acredita que não pode?). Outros no entanto, só fazem contribuir pro tamanho da angústia e da irritação. Nesse quesito, tenho um favorito: "Vai, Lala. Vai mesmo". Ué gente? Mas não tô já devidamente assinada, contratada e vistada?

O segundo lugar fica praqueles: "Quando estiver lá, você deve fazer isso e aquilo...", vindo de gente que jamais "esteve lá". Obrigada, valeu a intenção.

Mas de verdade, a ajuda que preciso no momento é meio silenciosa, sabe? Assim como quando chegar minha mudança - a ajuda preciosa virá dos meus pais, que estarão lá pra ajudar a desempacotar a bagulhada toda. E das pessoas realmente próximas, que realmente vivem os detalhes do processo, que estarão lá muito em breve, pra dividir sonhos e planos comigo, como o Zé, ou pra passear de óculos brancos e bolsa dourada no carro branco!

segunda-feira, fevereiro 21

Little Earthquakes




Little Earthquakes, na verdade, é o título de um livro muito bacana da Jennifer Weiner, a mesma escritora sensacionalmente sensível que escreveu Bom de Cama e In her Shoes, que depois virou filme com a Cameron Diaz e a Shirley McLaine, no papel da Deliciosa avó.

Estar vivendo pequenos terremotos é a sensação que tenho, enquanto me preparo para a mudança mais radical de toda minha vida: minha mudança de país.

Como definiu muito bem um amigo, não existe um grande problema, uma grande coisa que esteja tornando sua vida um inferno. São as pequenas coisinhas que se sucedem de forma irritante que acabam tornando sua existência uma combinação frenética de coisas acontecendo, por acontecer e terminando.

Ou como definiu uma outra amiga: A grande sacanagem de mudar de país sendo transferida por sua empresa, é que enquanto isso tudo acontece, você ainda tem que trabalhar.

Esses amigos estão um passo à minha frente. Estão tendo que lidar com coisas como não ter um endereço fixo por dois ou três meses e nem telefone; não ter histórico de crédito (e consequentemente não ter crédito - não adianta ter dinheiro: mesmo que você tenha muitos milhòes no banco, sem crédito você é um indigente)- não saber muito bem como você faz para tirar carteira de motorista.

Eu, um passo atrás, estou lidando com a partida. Os terremotos são menos práticos e muito mais emocionais. São as benditas borboletas no estômago, enquanto me preparo para dar o salto rumo ao desconhecido. Na verdade, estou me sentindo amparada e muito entusiasmada, mas tenho medo. Óbvio. Penso nas muitas horas de vôo que Zé e eu enfrentaremos todos os meses para estarmos juntos, e tenho medo de que um de nós ou ambos nos cansemos dessa ponte aérea. Penso na minha família reunida muitas vezes, em muitas celebrações, e eu de longe, participando por telefone. Penso nos domingos em que vou acordar com a cama vazia, é claro que penso nisso.

Enquanto penso nisso tudo, penso também que tenho que cancelar minhas assinaturas de revista, de jornal, de banda larga, de TV a cabo. Tenho que fazer a lista do que vai e o que fica para o cara da mudança que vai vir fazer meu inventário. Que destino darei aos bens, poucos mas existentes, que eu tenho? Alugo meu apartamento atual? Se fizer isso, o governo ficará automaticamente com 15% do valor, porque serei uma contribuinte não residente. Mas se não resido, por que devo contribuir? Afff. Muitas coisas.

E pra terminar, como disse minha amiga, a grande sacanagem: enquanto penso tudo isso, tenho que trabalhar. Bastante.

sábado, janeiro 22

2011 - Novo ano, velho blog, novo....

Sim, eu sei o que isso está parecendo. Eu estou parecendo os moleques que apareciam no cursinho de vez em quando, davam uma olhada pra ver se tinha alguém interessante, alguma menina nova no pedaço, e depois sumiam novamente.
Sei que estou sendo uma blogueira turista. Na verdade, estou pior do que eles: pelo menos apareciam por lá pra ver se tinha alguma coisa acontecendo, e eu nem isso tenho feito.

Bem, eu tenho algumas (quase) boas desculpas. O fim do ano foi avassalador, como diria Lenine, peguei uma virose que durou os exatos 14 dias que a médica disse que poderia durar até que tivéssemos que tomar alguma providência mais drástica, viajei, retornei.

Durante todo esse tempo, vivi numa montanha russa emocional, com decisões importantes a serem tomadas, e tive muito medo de tudo.

Passado o furacão, estou cheia de coragem e entusiasmo, feliz por ter tomado a decisão que tomei, infinitamente grata pelo apoio que recebi de todos os lados para isso. Especialmente do Zé, meu Príncipe Encantado, melhor amigo e companheiro mais que perfeito.

E agora, amigos, já posso contar: estou prestes a deixar de ser uma turista e me tornar uma imigrante. Assinei meu acordo na segunda feira, e agora estou às voltas com um mar de pessoas estranhas que me mandam emails e se apresentam, dizendo que foram designadas para me ajudar a cuidar da parte X da minha mudança, do meu processo de visto, de qualquer coisa.

Acho que o furacão maior ainda está por vir. Mudar para outro bairoo já não é fácil, que dirá para outro país. Mas tenho me sentido muito amparada e estou confiante de que esse novo ano trará, desde terras distantes, post muito felizes.

Happy New Year, everyone!

quinta-feira, dezembro 9

Tempo e Critério




Minha mais que querida amiga Clau postou um pensamento em seu Facebook que me fez refletir. Ela disse: Ser velha é ver a matéria sobre o Rock'n'Rio 2011 e em vez de pensar "puxa, cada banda legal!" pensa "não vai ter banheiro suficiente e nem limpo, estaciono onde? não tem lugar pra sentar, se chover vai virar um charco, fora o calor que faz no RJ em novembro"

Fiquei pensando que é assim mesmo que funciona. Morumbi, só mesmo pelo Paul McCartney, que nem U2 me motiva mais. Fiquei pensando que gosto mesmo é de cadeira marcada, de preferência confortável e num ambiente com ar condicionado. Gosto de garçons educados e comida de boa qualidade. Gosto de manobrista no local!

Antigamente, eu topava qualquer parada. O primeiro show do paul McCartney a que assisti foi no Marcanã lotado, e fui pra lá de ônibus, com todos os carimbos da Funais a que tive direito. Assisti ao show e voltei, de ônibus, madrugada adentro, pra chegar em São Paulo só de manhã. Veja, eu tinha menos de vinte anos. Hoje não sei se toparia um programa assim.

Não porque estou velha, mas porque já conheço coisas diferentes. Quando eu estava no fim do colegial, tomava vinho branco da carrafa azul e achava tao bom. Hoje, meu repertório se expandiu e eu já sei que o vinho branco da garrafa azul não é tão bom quanto eu pensava. Tomava vinho tinto qualquer um e vamos embora. Hoje, sei quando ele está quente demais ou gelado demais. Se eu tivesse tido esse repertório aos vinte anos, teria sido mais "picky" aos vinte. E não seria velha, seria?

Clau, darling. Vamos pedir champagne, um bom champagne, em taça flute de cristal pra celebrar. Não só nossa juventude, mas também o privilégio de termos tido acesso a um repertório que só nos tornou melhores! Tin tin!